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Rede sul-americana operada pelo INPE irá ampliar dados meteorológicos dos satélites NOAA
São José dos Campos-SP, 22 de setembro de 2006
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) vem se preparando para implantar e operar, ainda de forma experimental, um dos centros regionais da América do Sul para processamento e distribuição de dados dos sondadores meteorológicos instalados em satélites da série NOAA. A partir destes dados de sondagem, transmitidos em tempo real, são derivados os perfis verticais da temperatura e umidade da atmosfera, fundamentais para rodar diariamente os modelos de previsão de tempo do CPTEC/INPE.
A expectativa é de que, com a expansão da rede de estações receptoras no Brasil e América do Sul, haverá maior quantidade de dados a serem inseridos nos modelos numéricos, o que deverá melhorar significativamente as previsões de tempo, enfatiza Maria Assunção Dias, coordenadora do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do INPE.
O CPTEC/INPE recebe diariamente dados obtidos por balões de radiossondagem, lançados de aeroportos, e por satélites, que são enviados posteriormente por instituição norte-americana. No entanto, os dados chegam sem regularidade, com atraso, o que inviabiliza o uso nos modelos de previsão, e apresentam grande índice de falhas.
A pesquisadora do CPTEC/INPE acrescenta que os modelos de previsão ainda não contam com dados de extensas áreas oceânicas e do território do país. Grandes áreas da região amazônica, como também de países sul-americanos, permanecem descobertas, sem a cobertura de sistemas espaciais que geram grande volume de dados, como aqueles que envolvem o uso de satélites meteorológicos. A entrada de umidade na Amazônia, com ventos vindos do Atlântico Norte, é essencial ao esforço de previsão de chuvas para esta região e também para as regiões central, sul e sudeste do país, explica.
O Oceano Pacífico é outra região com poucos dados disponíveis. Mudanças nas condições de temperatura e de circulação de ventos que atuam no Pacífico são importantes e, muitas vezes, determinam as condições de tempo no Brasil. O que acontece no Pacífico costuma influenciar as condições atmosféricas aqui dez dias depois, explica a coordenadora do CPTEC/INPE. A melhoria das previsões de tempo e climáticas para toda a América do Sul envolve a participação de países da costa do Pacífico, como Chile, Peru, Venezuela e Costa Rica, que estão sendo consultados para integrar a rede.
Operação em fevereiro
Com o funcionamento efetivo do centro regional, programado para fevereiro de 2007, o INPE, através da Divisão de Satélites e Sistemas Ambientais (DSA), do CPTEC, fará parte da rede mundial, coordenada pela OMM (Organização Meteorológica Mundial). A OMM conta ainda com uma série de outros centros regionais, conhecidos como Serviço Regional de Retransmissão de Dados ATOVS (RARS), localizados em diversas partes do globo. A indicação do INPE para assumir o papel de centro regional foi apoiada pelo INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), instituição representante do país na OMM.
Como integrador de uma sub-rede de estações na América do Sul (a Argentina terá um outro centro regional), a DSA terá como missão coordenar a operação das diferentes estações receptoras, centralizar os dados recebidos, fazer o controle de qualidade destes dados, além de reformatá-los e colocá-los à disposição das instituições internacionais usuárias.
O status de centro distribuidor de dados irá trazer, ainda, facilidades de acesso aos dados provenientes de toda a parte do mundo. Este privilégio, do ponto de vista científico e tecnológico, será revertido em maior autonomia no abastecimento de dados para os modelos, fator estratégico para se ter regularidade na qualidade das previsões de tempo, acrescenta a coordenadora do CPTEC/INPE.
Os dados de sondagem ATOVS são obtidos em tempo real, pelos quatro satélites operacionais da NOAA - os satélites 15, 16, 17 e 18, que fazem quatro passagens diárias, cada um, em órbitas diferentes, sobre a região. As antenas das estações de recepção cobrem um raio de cobertura de 2,8 mil quilômetros da superfície.
Os dados meteorológicos são obtidos a partir do sondador ATOVS (Advanced TIROS Operational Vertical Sounder), um instrumento a bordo dos satélites NOAA que detecta a radiação da superfície, em faixas de freqüência de microondas e infra-vermelho, através dos quais são derivados os perfis verticais de temperatura e umidade.
Antena da estação de recepção de dados dos satélites NOAA, no INPE de Cachoeira Paulista
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