Notícia
INPE e SOS Mata Atlântica divulgam novos dados de desflorestamento
São José dos Campos-SP, 01 de junho de 2006
A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, apresentaram os primeiros dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica para o período de 2000 a 2005. O primeiro mapeamento foi lançado em 1990, e desde então o trabalho vem sendo atualizado e aprimorado. No ano passado, a SOS Mata Atlântica e o INPE deram início à atualização do Atlas para avaliar a dinâmica dos remanescentes florestais, de mangue e de restinga ocorrida no período 2000 e 2005.
Nessa nova versão foram aprimorados aspectos relacionados ao georreferenciamento das bases temáticas geradas, bem como na identificação dos remanescentes procurando minimizar erros de interpretação. Foram revistos critérios de mapeamento com o objetivo de priorizar a identificação de formações arbóreas em estágio clímax ou avançado de regeneração. Formações secundárias foram também incluídas como remanescentes, porém aquelas em estágios iniciais de regeneração foram excluídas do mapeamento devido ao elevado grau de incerteza em seu delineamento mediante o uso de imagens orbitais.
Entre as novidades do novo Atlas, destaca-se a inserção de novas bases, tais como a dos limites municipais e das Unidades de Conservação, além das áreas prioritárias para conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e das formações vegetais, definido pelo artigo 3o do Decreto Federal 750/93 e com base no Mapa de Vegetação do Brasil do IBGE, na escala 1:5.000.000.
É a primeira vez no Brasil que informações amplas e detalhadas sobre remanescentes de um bioma de diversas cidades estão disponíveis, com acesso livre e universal por meio da Internet, nos portais www.sosma.org.br e www.inpe.br.
Redução
Considerando os totais de desflorestamento identificados nos períodos 1995-2000 e 2000-2005, a comparação indica que houve diminuição na área total desflorestada em 71%. Os números atestam uma boa notícia, mas também revelam que sobrou muito pouco para desmatar.
De acordo com os dados divulgados no último dia 26 de maio, com exceção dos Estados de Goiás (18,1%) e Santa Catarina (8,2%), houve redução nos valores totais brutos de desflorestamento em relação àqueles valores determinados no período 1995-2000. A taxa de desflorestamento da Mata Atlântica do Rio Grande do Sul caiu 84%.
Os dados são parciais, mas de acordo com a avaliação de 8 dos 10 estados abrangidos pelo Atlas, entre 2000 e 2005 houve uma redução de 71% na taxa de desflorestamento do bioma em comparação ao período anterior, 1995-2000, informa Flávio Jorge Ponzoni, pesquisador e coordenador do Atlas da Mata Atlântica pelo INPE.
Os trabalhos do período 2000 a 2005 estão em andamento e os resultados finais, o relatório, os novos mapas, as imagens de satélite de cada município, bem como a base em formato vetorial, estarão acessíveis no final de 2006, visando possibilitar o trabalho dos técnicos que atuam em favor da conservação do bioma.
Dos 17 estados abrangidos pela Mata Atlântica, já foram avaliados ES, GO, MS, RJ, SP, PR, SC e RS, perfazendo um total de 60% do bioma. Quando estiver finalizada, esta edição do Atlas da Mata Atlântica contemplará 10 estados, perfazendo 94% do total. As bases dos Estados de Minas Gerais e Bahia deverão ser avaliadas nos próximos meses e a atualização do Atlas em toda a sua extensão depende de imagens de satélite livres da cobertura de nuvens.
Segundo Flávio Jorge Ponzoni, os estados de Minas Gerais e da Bahia serão avaliados nos próximos meses e todo trabalho deverá ser concluído até o final do ano. Relatório, mapas finais de todos os estados e municípios estarão disponíveis no portal da SOS Mata Atlântica e do INPE. O próximo passo é entender os números, identificando a dinâmica do desflorestamento em cada estado, diz o pesquisador do INPE.
Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, o Atlas dos Municípios é considerado pelos ambientalistas não só um instrumento de monitoramento, mas de pressão e ferramenta de exercício da cidadania, já que a população e gestores locais, de posse dos dados, podem atuar diretamente e definir estratégias de ação e políticas de conservação em favor da proteção e conservação da Mata Atlântica.
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