Notícia
Concluído doutorado sanduiche da aluna Ana Clara da Silva Pinto (PG-GES) na Universidade de Shinshu, Japão, com bolsa Print/CAPES
São José dos Campos-SP, 02 de agosto de 2020
Com duração de oito meses (novembro de 2019 a julho de 2020), o tema central da pesquisa são os decréscimos da intensidade de raios cósmicos observados por detectores na superfície da Terra, denominados “Decréscimos de Forbush”, associados a “Ejeções de Massa Coronais Interplanetárias” – ICMEs, que são bolhas de plasma expelidas pelo Sol que viajam pelo meio interplanetário e que, algumas vezes, atravessam a Terra. Os decréscimos de Forbush são observados por detectores de raios cósmicos/partículas e este trabalho de doutorado utiliza dados de detectores de múons da Rede Global de Detectores de Múons (GMDN) e dados de monitores de nêutrons. Um dos detectores da GMDN, construído pelo grupo japonês da Universidade de Shinshu, foi instalado no Brasil, no Observatório Espacial do Sul – OES-CRCRS/INPE-MCTI (RS) e está em funcionamento desde 2001. Dessa maneira, o estágio realizado no exterior teve como objetivo o aprendizado sobre algumas características específicas dos detectores, bem como das técnicas envolvendo o tratamento dos dados.
Devido a pandemia de SARS-CoV-2 houve a necessidade de algumas mudanças no ritmo e na dinâmica das atividades que estavam sendo desenvolvidas. Inclusive, vale salientar que, durante o estágio, um canal de contato remoto de trabalho foi estabelecido, e este se estendeu até depois do retorno ao Brasil. Durante a estada no Japão, foram selecionados eventos de diminuições na intensidade dos raios cósmicos, usando inspeção visual, de 1970 a 2018. Após essa análise, 105 possíveis decréscimos de Forbush foram selecionados. Utilizou-se um método da literatura para calcular o tempo de recuperação dos decréscimos de Forbush, o qual se mostrou insuficiente e exigiu a implementação de adaptações. A partir das adaptações realizadas, 7 novos métodos para calcular o tempo de recuperação foram desenvolvidos (cada método envolve diferentes condições de contorno e/ou um método de linearização diferente). Além disso, também foram exploradas diferentes correções de dados de raios cósmicos, como a “24 hour running average” e a remoção da influência da variação diurna. Os resultados preliminares mostraram que, no evento de teste estudado, não houve dependência do tempo de recuperação com a energia mediana dos detectores. Como esse resultado não era previsto pela literatura, desde a volta ao Brasil, estão sendo utilizadas as metodologias desenvolvidas no estágio para fazer uma análise estatística de vários eventos. A realização do estágio na Universidade de Shinshu e o estabelecimento do canal de contato com os pesquisadores do grupo da universidade japonesa foram e continuam sendo muito importantes para a formação acadêmica da doutoranda.
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