Notícia
Estudo do ELAT/INPE mapeia ocorrência de mortes por raios na década
São José dos Campos-SP, 08 de fevereiro de 2010
Levantamento do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (ELAT/INPE) revela que 132 pessoas morrem em média por ano no Brasil atingidas por raios. Segundo o estudo, a probabilidade de um homem morrer desta maneira é dez vezes maior do que a de uma mulher, enquanto para um jovem ou adulto é o dobro da de uma criança ou idoso. Estar na zona rural ou na zona urbana também altera as chances de ser ou não atingido por um raio; na zona rural a probabilidade é 10 vezes maior.
O levantamento de mortes por raios da década de 2000 a 2009 reuniu pela primeira vez informações de órgãos como o Departamento de Informações e Análise Epidemiológica (CGIAE) do Ministério da Saúde, Defesa Civil, veículos de imprensa e ainda dados de população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Cento e 32 mortes por raios por ano é um número que está muito acima das expectativas que tínhamos, em torno de 100. O que mais impressiona é que 90% destas mortes ocorreram em circunstâncias que poderiam ter sido evitadas se as pessoas tivessem mais informações, comenta o coordenador do ELAT/INPE, Osmar Pinto Junior.
As 1.321 pessoas que morreram atingidas por raios nesta última década têm em comum as atividades que praticavam quando foram atingidas pelas descargas atmosféricas. Dezenove por cento (19%) das vítimas eram trabalhadores rurais que recolhiam animais ou trabalhavam em plantações com enxadas, pás e facões. Duas circunstâncias distintas aparecem empatadas em segundo lugar no estudo, cada um com 14% do total de casos: estar próximo de algum meio de transporte ou dentro de casa. Estar embaixo de árvore ficou em terceiro lugar com 12%, seguida por campo de futebol com 10%.
Embora 85% das mortes tenham ocorrido ao ar livre, quando os números são divididos em diferentes circunstâncias a porcentagem de mortes para a categoria dentro de casa é muito maior do que o esperado. Esta foi uma conclusão interessante do estudo, pois mostra que ficar dentro de casa não é tão seguro quanto se pensava, comenta Osmar Pinto Junior. A maioria das vítimas atingidas por raios no interior de residências estava ao telefone ou descalça em casas que possuem chão batido, ou ainda próximas de antenas, lâmpadas, geladeiras, janelas e televisões.
Em relação ao período do ano, 77% das mortes da década ocorreram no verão e na primavera, período em que ocorrem cerca de 80% dos raios no Brasil. Somando os dados de toda a década é possível perceber um fato curioso: os cinco dias que tiveram mais mortes foram de 16 a 20 de fevereiro, com 47 mortes no total. Já o recorde de mortes em um único dia ocorreu em 5 de março de 2003, em que foram registradas 5 mortes. As vésperas do feriado de carnaval são um período crítico para mortes por raios, pois na última década foram registradas 23 mortes por raios durante os quatro dias de carnaval, diz o coordenador do ELAT/INPE.
O estudo também avalia as probabilidades de ser atingido por um raio em cada estado e região do Brasil, considerando a população e a incidência de raios. O Sudeste foi a região onde mais pessoas morreram (29%), mas a região que apresentou a maior probabilidade de ser atingido por um raio foi o Centro-Oeste (22 em um milhão). O estado de São Paulo teve o maior número de mortes na década, 240 (17% do total). Entretanto, como a população paulista é a maior do Brasil, a probabilidade de ser atingido por um raio neste estado é de 6 em um milhão. São mais altas as probabilidades de morrer por uma descarga atmosférica nos estados de Tocantins (46 em um milhão) e Mato Grosso do Sul (43 em um milhão).
Já em relação aos municípios que lideraram o ranking de mortes da década, Manaus ficou em primeiro lugar, com 16 mortes; seguido por São Paulo, com 14 mortes; em terceiro lugar ficaram os municípios de Campo Grande e Rio de Janeiro, com 8 mortes cada; e em quarto Brasília, com 7 mortes.
Cuidados
Como informa o ELAT/INPE (www.inpe.br/elat), para evitar acidentes com relâmpagos as regras de proteção pessoal listadas abaixo devem ser seguidas. Se possível, não saia ou não permaneça na rua durante as tempestades.
Procure abrigo nos seguintes lugares:
carros não conversíveis, ônibus ou outros veículos metálicos não conversíveis;
em moradias ou prédios, de preferência que possuam proteção contra raios;
em abrigos subterrâneos, tais como metros ou túneis;
em grandes construções com estruturas metálicas;
em barcos ou navios metálicos fechados;
em desfiladeiros ou vales.
Se estiver dentro de casa, evite:
usar telefone, a não ser que seja sem fio;
ficar próximo de tomadas e canos, janelas e portas metálicas;
tocar em qualquer equipamento ligado à rede elétrica.
Se estiver na rua, evite:
segurar objetos metálicos longos, tais como varas de pesca, tripés e tacos de golfe;
empinar pipas e aeromodelos com fio;
andar a cavalo;
nadar;
ficar em grupos.
Se possível, evite os seguintes lugares que possam oferecer pouca ou nenhuma proteção contra raios:
pequenas construções não protegidas, tais como celeiros, tendas ou barracos;
veículos sem capota, tais como tratores, motocicletas ou bicicletas;
estacionar próximo a árvores ou linhas de energia elétrica.
Se possível, evite também certos locais que são extremamente perigosos durante uma tempestade, tais como:
topos de morros ou cordilheiras;
topos de prédios;
áreas abertas, campos de futebol ou golfe;
estacionamentos abertos e quadras de tênis;
proximidade de cercas de arame, varais metálicos, linhas aéreas e trilhos;
proximidade de árvores isoladas;
estruturas altas, tais como torres, linhas telefônicas e linhas de energia elétrica.
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