Notícia
INPE participa da primeira missão oceanográfica Brasil-África
São José dos Campos-SP, 09 de outubro de 2009
A bordo do Navio Oceanográfico Cruzeiro do Sul, será realizada a primeira expedição nacional para coleta de dados entre as costas do Brasil e da África. Promovida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e pelo Centro de Hidrografia da Marinha, a missão transatlântica contará com pesquisadores da USP, UERJ, UFRJ, UENF e FURG, além do INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
A viagem começa no dia 19 de outubro, partindo do Rio de Janeiro. A chegada à Cidade do Cabo, na África do Sul, está prevista para 16 de novembro. E no dia 22 de dezembro os pesquisadores desembarcam no Rio trazendo na bagagem informações sobre uma região oceânica importante e muito pouco conhecida.
Serão coletados dados sobre temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido e clorofila, entre outros, e amostras para análise de nutrientes e material em suspensão. Também estão programados lançamentos de bóias de deriva e radiossondas, que medirão perfis verticais de temperatura oceânica e atmosférica.
Estes dados devem contribuir aos estudos sobre a influência da Frente Subtropical para a formação de massas d'água ao longo de toda a extensão do Atlântico Sul entre o Brasil e a África do Sul, um dos fatores determinantes para a previsão de tempo e clima, por exemplo.
Os processos de interação oceano-atmosfera e o papel das estruturas oceânicas de mesoescala, como os vórtices originados da Corrente do Brasil (porção oeste do Atlântico Sul) e da Corrente das Agulhas (porção leste do Atlântico Sul), são de importância conhecida e relevância fundamental para entender o clima, declara Ronald Buss de Souza, do INPE.
Para o pesquisador do INPE, uma missão como esta é fundamental para a melhoria do conhecimento científico sobre o Atlântico Sul e, em especial, os processos de meso e grande escala que ocorrem nesse oceano.
O experimento será realizado em duas linhas de latitudes (ida em 30°S de latitude e volta em 20°S de latitude). Com estas medidas abre-se a possibilidade de quantificar parcialmente o tanto de calor que a Célula Meridional do Atlântico está transportando das latitudes mais altas para as mais baixas (em direção ao Equador) e consequentemente da circulação termohalina global, que é o mecanismo pelo qual o oceano controla o clima do planeta Terra, explica o pesquisador Luciano Ponzi Pezzi, do INPE.
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