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INPE sedia workshop final do Projeto EUREQA

por INPE
Publicado: Jul 03, 2009
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São José dos Campos-SP, 03 de julho de 2009

Imagem INPE sedia workshop final do Projeto EUREQA

Os resultados do Projeto EUREQA – Epidemiologia do Uso e da Resistência Bacteriana a Quimioterápicos e Antibióticos na População serão apresentados nos dias 6 e 7 de julho, durante workshop a ser realizado no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O projeto, financiado pela Fapesp, teve início em abril de 2008, com a coordenação do INPE, através de seu programa Espaço e Sociedade, e a participação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), do Instituto Fleury e da Universidade de Taubaté (Unitau).

O Projeto EUREQA teve como objetivo a investigação sobre os processos de construção da resistência bacteriana a antimicrobianos e quimioterápicos anti-infecciosos. Para isso, fez um recorte, utilizando como base para a investigação as infecções/colonizações bacterianas e suas características de resistência a antimicrobianos de tratos respiratório e urinário ocorridas em pacientes moradores nas cidades de São Paulo e Taubaté.

O projeto observou ainda os padrões de distribuição nas cidades, destas bactérias, e suas características de resistência associados aos dados de caracterização da comunidade, como os indicadores sócio-demográficos e os dados de densidade de uso de diversos antimicrobianos.

Mais especificamente os estudos no EUREQA visam:
- Caracterizar e ampliar o entendimento das dinâmicas espaço-temporais dos processos bacterianos comunitários causados por S. pneumoniae, H. influenzae e E. coli e suas respectivas características de resistência a antimicrobianos nos espaços amostrais estudados;

- Estabelecer fundamentos para a compreensão das densidades de uso de antimicrobianos desencadeadoras de pressão seletiva sobre estas populações bacterianas;

- Estabelecer fundamentos para a compreensão das associações entre estes patógenos e determinados antimicrobianos para definir binômios antimicrobiano/patógeno mais associados ao desenvolvimento de resistências;

- Estabelecer fundamentos de bases objetivas que possam contribuir para o delineamento de políticas públicas de uso e controle de antimicrobianos e quimioterápicos antiinfecciosos.

Fenômeno coletivo
As infecções bacterianas comunitárias são enfermidades altamente prevalentes, particularmente as infecções do trato respiratório e gastrintestinal. Tais infecções variam em espectro de gravidade, desde processos assintomáticos até doenças invasivas graves com alto índice de mortalidade, de acordo com fatores relacionados aos patógenos, aos indivíduos acometidos e, ainda de forma não totalmente esclarecida, às condições populacionais existentes. 

Dentre as infecções bacterianas respiratórias e gastrintestinais, observa-se que os principais patógenos causadores dos processos são o Streptococcus pneumoniae, o Haemophilus influenzae e a Escherichia coli. A relevância desses patógenos não se restringe apenas às elevadas prevalências na população em geral, mas também e sobretudo, ao risco do surgimento de resistência a antimicrobianos e a quimioterápicos antiinfecciosos e as dificuldades de tratamento decorrentes deste fato. 

A maior parte destes patógenos apresenta algum risco de aquisição de resistência a drogas de primeira linha. Todavia, as prevalências das respectivas resistências sofrem grande variação, dependendo da região de ocorrência e possivelmente de suas condições subjacentes. Adicionalmente, a resistência a antimicrobianos acomete muitas vezes agentes de segunda ou terceira linha, comprometendo gravemente as opções terapêuticas e suas respectivas conseqüências para o indivíduo. A hipótese central neste projeto se situa no campo que vê a resistência a antimicrobianos não como um fenômeno restrito ao indivíduo. Trata-se de um fenômeno coletivo por excelência, em função de sua possibilidade de disseminação e transferência interindividual – é, portanto, um fenômeno ecológico. 

Os métodos analíticos tradicionais para estudo das correlações entre uso de antimicrobianos e resistência bacteriana apresentam, sob este aspecto, importantes limitações. A primeira diz respeito à aplicação destes métodos, sobretudo em ambientes controlados, com disponibilidade limitada de dados e com difícil reprodutibilidade. A segunda limitação diz respeito à não consideração do efeito de uso de antimicrobianos em outros indivíduos de uma dada comunidade, que não aqueles sob uso direto dos referidos produtos. Estes métodos não conseguem considerar a natureza geográfica (localização no espaço) das amostras e populações sob estudo como variáveis da análise.

Para avançar estes limites no estudo das associações entre uso de antimicrobianos e resistência bacteriana, há a necessidade de métodos analíticos quantitativos com o uso de bases de dados integradas caso e população-relacionadas, que considerem as características de dependência no espaço e no tempo das amostras.


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