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INPE e SOS Mata Atlântica divulgam dados de desmatamento nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória

por INPE
Publicado: Dez 18, 2008
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São José dos Campos-SP, 18 de dezembro de 2008

Imagem INPE e SOS Mata Atlântica divulgam dados de desmatamento nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória

Levantamento baseado em imagens de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) aponta que o desmatamento na Mata Atlântica aumentou nos últimos três anos nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Os dados foram anunciados nesta quarta-feira (17/12) pela Fundação SOS Mata Atlântica, que em parceria com o INPE publica desde 1990 o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica.

Segundo o estudo, de 2005 a 2008 estas três regiões metropolitanas desmataram juntas 793 hectares, contrariando a queda na taxa registrada entre 2000 e 2005. A região metropolitana de São Paulo foi a campeã de desmatamento, pois nos últimos três anos 437 hectares foram suprimidos, ou seja, nove vezes mais que no período de 2000 a 2005, quando o número foi de 48 hectares. Quase metade dessas últimas ocorrências aconteceu na região da Cantareira, responsável por abastecer mais da metade da população da região metropolitana de São Paulo. Ali a taxa anual de desmatamento entre o período 2005-2008 aumentou 14 vezes comparado com o período de 2000-2005. 

Já na região metropolitana do Rio de Janeiro o desmatamento dobrou. O número absoluto de supressão de floresta nativa na região é de 205 hectares nos últimos três anos, contra os 94 relatados entre 2000 e 2005. Os municípios de Itaboraí e Nova Iguaçu são os mais críticos, com desmatamentos no entorno da Reserva Biológica do Tinguá. A taxa anual de desflorestamento entre o período 2005-2008 aumentou 3,6 vezes comparada com o período de 2000-2005. 

Os dados anunciados mostram que na região metropolitana de Vitória, no Espírito Santo, 150 hectares foram desmatados, sendo que 68 hectares no município de Guarapari, enquanto no período anterior o número foi de 86 hectares. 

Neste último levantamento não foram identificadas alterações em áreas de mangue e restinga, apenas em florestas nativas, o que resulta em uma maior fragmentação do Bioma. Foram computadas áreas a partir de três hectares, embora o sistema permita visualizar os desmatamentos com áreas menores. 

Em maio de 2009, serão divulgados os dados completos do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica. A partir desta data, INPE e a SOS Mata Atlântica passarão a anunciar o monitoramento a cada dois anos, e a cada quatro anos será feito um balanço dos dados estaduais e municipais. “Já estão disponíveis os dados das cidades que compõem o Bioma Mata Atlântica tendo como ano base 2005 e em maio teremos toda a base atualizada”, afirma Flavio Ponzoni, coordenador do Atlas pelo INPE. “Estamos aprimorando cada vez mais nossas ferramentas de monitoramento para obter dados mais precisos e mais rapidamente, disponibilizando para a sociedade nos portais www.sosma.org.br e www.inpe.br”. 

Atlas
O primeiro mapeamento do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, publicado em 1990 pelo INPE e SOS Mata Atlântica, com a participação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), teve o mérito de ser um trabalho inédito sobre a área original e a distribuição espacial dos remanescentes florestais da Mata Atlântica e tornou-se referência para pesquisa científica e para o movimento ambientalista. Foi desenvolvido em escala 1:1.000.000. 

Em 1991, a SOS Mata Atlântica e o INPE deram início a um mapeamento em escala 1:250.000, analisando a ação humana sobre os remanescentes florestais e sobre as vegetações de mangue e de restinga entre 1985 a 1990. Publicado em 1992/93, o trabalho avaliou a situação da Mata Atlântica nos dez Estados - Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul - que apresentavam a maior concentração de áreas preservadas. Os estados do Nordeste não puderam ser avaliados pela dificuldade de obtenção de imagens de satélite sem cobertura de nuvens. 

Uma nova atualização ocorreu em 1998, desta vez cobrindo o período de 1990-1995, com a digitalização dos limites das fisionomias vegetais da Mata Atlântica e de algumas Unidades de Conservação federais e estaduais, elaborada em parceria com o Instituto Socioambiental. 

Entre o período de 1995-2000, fez-se uso de imagens TM/Landsat 5 ou ETM+/Landsat 7 analisadas diretamente em tela de computador, permitindo a ampliação da escala de mapeamento para 1:50.000 e conseqüentemente a redução da área mínima mapeada para 10 hectares. No levantamento anterior, foram avaliadas as áreas acima de 25 hectares. Os resultados revelaram novamente a situação da Mata Atlântica em 10 dos 17 estados - a totalidade das áreas do bioma de Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e áreas parciais da Bahia - que abrangeram nesta etapa 1.185.000 km2, ou seja, 94% da área total do Bioma Mata Atlântica.

Em 2004, a SOS Mata Atlântica e o INPE lançaram o “Atlas dos Municípios da Mata Atlântica”, forncendo instrumentos para o conhecimento, o monitoramento e o controle para atuação local. A partir da identificação e da localização dos principais remanescentes florestais existentes nos municípios abrangidos pela Mata Atlântica, cada cidadão, diferentes setores e instituições públicas e privadas puderam ter fácil acesso aos mapas por meio da internet e atuar em favor da proteção e conservação deste conjunto de ecossistemas. 

Ao final de 2004, as duas instituições iniciaram a atualização dos dados para o período de 2000 a 2005. Esta edição também foi marcada por aprimoramentos metodológicos e novamente foram revistos os critérios de mapeamento, para permitir a visualização rápida e simplificada do território de cada Estado contido no Bioma Mata Atlântica. Isso facilitou e deu maior segurança nos trabalhos de revisão e de articulação da interpretação entre os limites das cartas topográficas. 

A quarta edição do “Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica” apresentou dados atualizados em 13 estados abrangidos pelo bioma (PE, AL, SE, BA, GO, MS, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS). Um relatório apresentou a metodologia e os resultados quantitativos da situação dos remanescentes nesses estados e os desflorestamentos ocorridos no período de 2000-2005 em 10 estados, da Bahia ao Rio Grande do Sul. Esta fase manteve a escala 1:50.000, e passou a identificar áreas acima de três hectares e o relatório técnico, bem como as estatísticas e os mapas, imagens, fotos de campo, arquivos em formato vetorial e dados dos remanescentes florestais, por Município, Estado, Unidade de Conservação, Bacia Hidrográfica e Corredor de Biodiversidade. 

Em 2008, foram divulgados os números atualizados a partir de análises da quarta edição do Atlas, incluindo os Estados de Bahia, Minas Gerais, Alagoas, Pernambuco e Sergipe, que somados ao mapeamento dos estados de Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, gerados pela ONG Sociedade Nordestina de Ecologia, totalizam 16 dos 17 Estados onde o Bioma ocorre, ou 98% de Mata Atlântica.


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