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Laboratório do INPE se estrutura para a calibração de equipamentos meteorológicos e ambientais

por INPE
Publicado: Dez 16, 2008
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São José dos Campos-SP, 16 de dezembro de 2008

Imagem Laboratório do INPE se estrutura para a calibração de equipamentos meteorológicos e ambientais

A pesquisa na área meteorológica e ambiental tem exigido cada vez mais a coleta de dados confiáveis, o que é assegurado, em grande medida, com o uso de equipamentos sob o controle de um sistema de gestão de qualidade, que adota normas e padrões de calibração internacionais. Há três anos, o Laboratório de Instrumentação Meteorológica (LIM), do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE), percebeu tal demanda e iniciou um processo de implementação de um serviço de calibração de sensores e medidores meteorológicos e ambientais. A idéia, segundo o chefe do LIM, Celso Thomaz, é atender não somente ao INPE, mas também a outras instituições e empresas.

Uma série de medidas está sendo adotada para adequar a estrutura e o funcionamento do LIM para que em breve seja submetido ao processo de acreditação de seus serviços de calibração junto ao INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial). Entre as medidas estão: reforma e construção de novas instalações, adoção de normas, métodos e  procedimentos padronizados, aquisição de novos padrões e sistemas de calibração, calibração dos padrões de referência em laboratórios nacionais ou internacionais de metrologia, garantindo com isso a rastreabilidade das medições, entre outras ações.

Segundo os especialistas da área de Metrologia Ambiental do LIM, Patrícia Guimarães e Márcio Santana, o laboratório já trabalha em conformidade com a norma NBR ISO/IEC 17025:2005, recomendada pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), e que estabelece os requisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaio e calibração. “O laboratório está aos poucos se adequando para operar de acordo com o padrão de metrologia exigido para a acreditação”, destaca Thomaz.

No mês passado, foi finalizada a construção de um novo laboratório destinado a calibração. Uma câmara climática, adquirida recentemente, está sendo transferida para o local, além de um sistema de calibração de barômetros e outro de pluviômetros. O investimento para a expansão do laboratório, de quase R$ 230 mil, foi obtido com recursos dos Fundos Setoriais (CT- Infra), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

Segundo Celso Thomaz, o LIM já atende às normas internacionais para a calibração de sensores de temperatura, umidade e radiação solar (outdoor), e falta pouco para se adequar aos procedimentos reconhecidos para equipamentos de medida de precipitação e pressão. Com isso, os sensores e medidores em uso pelos projetos de pesquisa do  INPE poderão ser calibrados no laboratório do CPTEC.

Outros equipamentos e obras de infra-estrutura estão nos planos do LIM, como um túnel de vento, para a calibração de anemômetros e sistema para calibração indoor de radiômetros. “Aos poucos, o laboratório irá ampliar a gama de equipamentos que poderão ser testados”, afirma Thomaz, “devendo ser o mais completo da América do Sul para  calibração de equipamentos meteorológicos.

O LIM pretende calibrar estações meteorológicas, sensores de temperatura e umidade do ar, pressão atmosférica, umidade e fluxo de calor no solo, velocidade e direção do vento, precipitação, radiação solar (em diversas faixas de comprimento de onda), parâmetros de qualidade da água, entre outros. Segundo os especialistas do laboratório, há uma grande demanda na área de Metrologia Ambiental, até mesmo porque as normas e os padrões, principalmente na calibração de sensores e medidores para variáveis ambientais e meteorológicas, são pouco difundidas no País.

Na área de energias renováveis, para a qual o LIM também está se capacitando, a demanda da calibração também é crescente, tendo em vista a necessidade de certificações para dados de energia eólica e solar como exigência para as concessões de exploração econômica.

LIM aposta na qualidade dos dados

O LIM está instalado no alto de um morro, no INPE de Cachoeira Paulista, de onde se vê o prédio do CPTEC/INPE logo abaixo, com vista, mais ao longe, para a Serra da Mantiqueira. A atuação do laboratório na área de calibração é recente e veio complementar suas atividades de apoio e logística em instrumentação e sensores de coleta de dados, oferecidas a projetos de pesquisa e monitoramentos realizados pelo INPE. As atividades de calibração tiveram  início com a chegada, há três anos, de dois especialistas em metrologia transferidos do LIT/INPE e incorporados à equipe do LIM, que conta atualmente com um grupo de 14 profissionais, entre engenheiros, técnicos e pessoal administrativo.

O engenheiro Paulo Arlino conta que antes mesmo da criação do LIM, uma equipe técnica, da qual fazia parte, atendia aos pedidos de líderes de projetos do INPE, para a instalação e manutenção de instrumentos e estações de coleta de dados. A criação do LIM, em 2002, teve como propósito reunir os especialistas que desempenhavam estas atividades, mas que estavam dispersos em outros setores do INPE. Também teve como objetivo implementar as atividades de calibração. Por outro lado, decidiu-se, junto com a direção do INPE, retirar a ênfase na manutenção de Plataformas de Coleta de Dados (PCDs), cuja responsabilidade está sendo gradualmente transferida a outros órgãos públicos com interesse nos dados coletados.

Entre os principais projetos que contam atualmente com o apoio do LIM estão o LBA (Large Scale Biosphere-Atmosphere Experiment in Amazônia), projeto científico de âmbito internacional, e o Pirata (Pilot Research Moored Array in the Tropical Atlantic), em parceria com a NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), dos Estados Unidos, entre outras instituições internacionais e nacionais. Este último projeto conta com bóias no Atlântico Tropical para a coleta de dados oceânicos. Outros projetos de pesquisa e monitoramentos, como o de poluição atmosférica, fazem parte das atividades do LIM.

O pesquisador Ênio Bueno do CPTEC/INPE, um dos idealizadores da calibração como atividade do LIM, é responsável por uma rede de coleta de dados: o SONDA - Sistema de Organização Nacional de Dados Ambientais, que visa incrementar uma base de dados sobre recursos de energia solar e eólica. “Pelo rígido controle de qualidade dessas estações, realizado pelo LIM, algumas delas foram recentemente incorporadas a redes de dados internacionais, como a BSRN (Baseline Surface Radiation Network) e a AERONET (AErosol RObotic NETwork)”, revela o pesquisador.

O uso de equipamentos calibrados de acordo com normas reconhecidas de qualidade é um quesito fundamental à participação em projetos internacionais. “Instituições de pesquisa de países mais avançados têm forte interesse nos dados meteorológicos e ambientais do Hemisfério Sul, onde há poucos com confiabilidade atestada”, afirma Enio. “Estas instituições já incorporaram há algum tempo a cultura do uso de dados confiáveis, o que geralmente não ocorre no nosso país”, comenta. Ele acredita, no entanto, que a procura pelo serviço de calibração deve se intensificar, pois é forte a tendência de se ampliar a cooperação com instituições estrangeiras.


O LIM é responsável pela manutenção das bóias do projeto Pirata, num projeto em parceria com a NOAA, dos Estados Unidos, e Marinha


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