Notícia
INPE mede concentração de ozônio na Patagônia
São José dos Campos-SP, 26 de setembro de 2008
Um equipamento para medir a concentração de ozônio e radiação ultravioleta foi instalado na região da Patagônia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O Espectrofotômetro Brewer foi instalado pelo engenheiro Francisco Raimundo da Silva, do INPE de Natal (RN), que também treinou a equipe responsável por sua instrumentação, até final de novembro, no Centro de Investigaciones en Láseres y Aplicaciones (CEILAP), que fica na cidade argentina de Rio Gallegos.
A instalação do espectrofotômetro faz parte do projeto Estudo da Mesosfera, Estratosfera e Troposfera Antártica e suas conexões com a América do Sul, coordenado pela Dra. Neusa Paes Leme, do INPE. Este é um projeto do Proantar integrado ao Ano Polar Internacional que envolve cinco instituições do Brasil e mais 10 países, conta a pesquisadora.
Segundo a Dra. Neusa, um dos objetivos do projeto é medir a concentração e a dinâmica da Camada de Ozônio e radiação ultravioleta na Antártica, Argentina e Chile durante a ocorrência do buraco de ozônio e seus efeitos secundários em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Buraco
Na Estação Antártica Brasileira Comandante Ferraz, os estudos da camada de ozônio e radiação UV se intensificam neste período com instrumentos de solo e sondas em balão. Isto porque a maior variação na concentração do ozônio ocorre na região Antártica entre os meses de agosto e novembro, quando se verifica o chamado buraco na camada de ozônio.
No último dia 17 de setembro, o buraco na camada de ozônio atingiu 27 milhões de Km2, indicando que o fenômeno em 2008 está tão intenso quanto em 2007. O buraco já atingiu a Estação Antártica Brasileira nos dias 15 a 17 de setembro com uma queda de 25% na concentração do ozônio na região, relata a Dra. Neusa.
O último recorde em área de destruição do ozônio ocorreu em 2006, quando atingiu 29,5 milhões de Km2. Naquele ano, em média o buraco teve 26 milhões de Km2 entre setembro e outubro.
Não podemos prever se neste ano será maior do que em 2006, mas se continuar assim poderá ser tão grande quanto, comenta a pesquisadora do INPE, lembrando que em 2007 o buraco permaneceu ativo por mais tempo, até o final do mês de novembro, embora sua área tenha sido 15% menor. O normal é o buraco se fechar no início de novembro.
Em Comandante Ferraz, medidas da temperatura e ventos da mesosfera foram realizadas durante todo o inverno e servirão para o estudo da dinâmica entre as camadas da mesosfera e estratosfera. E as medidas meteorológicas da superfície são coletadas de forma contínua durante o ano. Uma das metas destas observações é o estudo da interação entre as três camadas da atmosfera.
Simpósio
Entre 24 a 26 outubro, no Instituto de Geociências da USP, o Simpósio de Pesquisas Antárticas apresenta os primeiros resultados dos projetos do Ano Polar Internacional, evento que congrega a comunidade científica numa grande campanha nos ambientes Ártico e Antártico para aprofundar o conhecimento quanto à conexão dos pólos com outras latitudes, as mudanças climáticas e sua interação com o meio ambiente da Terra.
Público mirim
Na tarde deste sábado (27/9), a Dra. Neusa Paes Leme contará sobre o seu trabalho na Antártica para uma platéia formada por crianças, no Centro Cultural de São Paulo. A pesquisadora lançou em 2007 Sob o céu da Antártica, livro dirigido ao público infanto-juvenil que por meio das aventuras de um simpático pingüim-imperador apresenta os vários aspectos da região e os efeitos provocados pelo homem nesse continente, como o buraco na camada de ozônio e o aquecimento global.
À esquerda, o engenheiro Francisco Raimundo da Silva,
do INPE de Natal, que instalou o equipamento no CEILAP,
na cidade argentina de Rio Gallegos
(Patagônia)
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