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CPTEC/INPE participa de rede de pesquisa que investiga efeitos das mudanças climáticas na Bacia do Prata

por INPE
Publicado: Jun 11, 2008
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São José dos Campos-SP, 11 de junho de 2008

Imagem CPTEC/INPE participa de rede de pesquisa que investiga efeitos das mudanças climáticas na Bacia do Prata

O Sétimo Programa-Quadro para Pesquisa e Desenvolvimento (FP7), principal instrumento de financiamento da União Européia à Ciência e Tecnologia, aprovou recentemente um projeto no qual participam quatro instituições brasileiras de pesquisa, entre elas o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do INPE. O projeto, de mais de 3 milhões de euros, consolida uma rede de pesquisa européia e sul-americana para avaliação de mudanças climáticas e estudos de impactos na Bacia do Prata. 

A bacia do Prata, a quinta maior do mundo, destaca-se pela importância para a agricultura e geração de energia hídrica na América do Sul. Regiões do Brasil, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai fazem parte da área de abrangência da bacia, que engloba os rios Paraná, Paraguai e Uruguai, além do rio da Prata, com delta entre Uruguai e Argentina.

A área agrícola nesta região tem se ampliado nas últimas décadas com a pressão da demanda mundial por alimentos e biocombustíveis. O aumento da média anual da precipitação entre 20 e 30% nos últimos 30 anos tem favorecido a expansão da fronteira agrícola. No entanto, a previsão de aquecimento global para este século pode trazer maior vulnerabilidade à região devido, principalmente, aos períodos de seca e ao aumento na freqüência de chuvas intensas projetadas para até o final deste século.

A demanda por energia também se ampliou. Hidrelétricas na Bacia do Prata produzem cerca de 95% da energia utilizada no Paraguai, 25% no Brasil e 40% na Argentina. Mas a projeção de aumento da temperatura média global de 2 a 4 graus Celsius para este século cria incertezas quanto à ampliação e manutenção do potencial hidroenergético dos rios da bacia. 

Segundo a coordenadora do CPTEC/INPE, Maria Assunção Dias, também co-presidente do Programa LPB (La Plata Basin) “traçar cenários e os possíveis efeitos das mudanças climáticas em diferentes setores da economia e no campo social para as próximas décadas é o grande desafio do projeto”. A proposta do CLARIS LPB é melhorar o entendimento dos efeitos das mudanças climáticas para a Bacia do Prata e, ao mesmo tempo, aprimorar os modelos de cenários futuros. Uma das principais questões formuladas pelo projeto é identificar com maior precisão os fatores climáticos e hidrológicos que determinam a frequência e extensão espacial com que ocorrem inundações e secas na área da Bacia.

O CPTEC/INPE no CLARIS LPB

A participação do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do INPE, estará focada na pesquisa do clima e da modelagem. As investigações relacionadas ao clima procuram, de um lado, aprofundar o entendimento da variabilidade climática da região em períodos que vão do decadal ao interdecadal – considerado de curto prazo (2010 a 2040) – e, de outro, produzir possíveis cenários para períodos mais longos (2070 a 2100).

A pesquisadora Iracema Fonseca de Albuquerque Cavalcanti, do CPTEC/INPE, coordena um dos subprojetos do CLARIS LPB sobre eventos extremos de precipitação e temperatura na região da Bacia do Prata. Os estudos estão relacionados à frequência e intensidade desses eventos no clima passado, presente e futuro, considerando as mudanças climáticas e os mecanismos associados. 

Os estudos partem de uma base de dados observacionais, de dados de modelos globais do Projeto de Inter-comparação de Modelos Globais (do inglês, Climate Model Intercomparison Project - CMIP3), que fizeram parte do relatório do IPCC, e dos dados resultantes das integrações de modelos regionais que serão gerados por outro subprojeto do CLARIS LPB, coordenado pelo pesquisador José Marengo, também do CPTEC/INPE. 

De acordo com o pesquisador, as projeções regionais serão elaboradas a partir das previsões dos modelos globais do 4º Relatório do IPCC, que serão regionalizados a partir de modelos climáticos de alta resolução a serem rodados no Brasil. Estes modelos irão considerar as contribuições naturais – a partir de experimentos – e antropogênicas, levando-se em conta o aumento natural na concentração dos gases do efeito estufa e as mudanças no uso da terra.

Já o pesquisador Caio Coelho, do CPTEC/INPE, estará atuando na interface entre a modelagem climática e as áreas de aplicação que utilizam informações climáticas. Segundo o pesquisador, o objetivo é facilitar a troca de informações e a transferência de conhecimentos científicos entre os grupos de modelagem climática global e regional e os grupos que irão estudar os impactos das mudanças na agricultura, uso da terra e hidrologia.

Segundo Maria Assunção Dias, espera-se que os resultados da pesquisa forneçam subsídios à formulação de estratégias adaptativas para atividades relacionadas ao uso da terra, à geração de hidroenergia, transporte fluvial e preservação de ecossistemas ecológicos em terras inundáveis. 

Uma primeira versão do projeto estava em curso até recentemente, sob o financiamento do FP6, versão anterior do FP7. O atual programa está financiando projetos para o período de 2007 a 2010. Nesta nova fase, o número de instituições participantes do CLARIS LPB aumentou de 13 para 20. Deste total, nove instituições são sul-americanas (Argentina, Brasil e Uruguai), incluindo organizações científicas e agências regionais de gerenciamento do uso da terra e de recursos hídricos. 

As instituições brasileiras - CPTEC/INPE, universidades federais de Santa Catarina (UFSC) e do Paraná (UFPR) e a Universidade de São Paulo (USP), capitalizam 15,5% do montante do financiamento. As instituições européias de pesquisa são da França, Inglaterra, Suíça, Suécia, Itália, Espanha e Alemanha. 

Instituições participantes:

Institute of Research for the Development - França
University of East Anglia (UEA) - Climatic Research Unit (CRU) - Inglaterra
Leibniz-Zentrums für Agrarlandschaftsforschung (ZALF) - Alemanha
Max Planck Institute for Meteorology (MPIM) - Alemanha
Centro Euro-Mediterraneo per i Cambiamenti Climatici (CMCC) - Itália
Universidad de Bologna (UNIBO) - Itália
Universidad de Castilla-La Mancha (UCLM) - Espanha
The Swedish Meteorological and Hydrological Institute (SMHI) - Suécia
Consejo Nacional de Investigaciones Cientificas y Técnicas (CONICET) – Argentina
Universidad de Buenos Aires (UBA) - Argentina
Instituto Nacional de Tecnología Agropecuária (INTA) - Argentina
Instituto Nacional de Água (INA) – Argentina
Universidad de la Republica (UR) – Uruguai
Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) – França
CESI RICERCA SpA (CESIRICERCA) – Itália
University of Geneva (UNIGE) - Suiça
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) - Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC)
Universidade de São Paulo (USP)
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Universidade Federal do Paraná (UFPR)



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