Notícia
Monitoramento do INPE por satélite mostra a qualidade do ecossistema marinho na costa Sudeste
São José dos Campos-SP, 14 de abril de 2008
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) lançou na Internet, através da Divisão de Satélites e Sistemas Ambientais, uma página (http://satelite.cptec.inpe.br/oceano/) contendo uma série de dados e informações oceânicas sobre a costa da região Sudeste do país. Segundo Milton Kampel, oceanógrafo do INPE e um dos responsáveis pelo projeto, os produtos derivados de dados de satélites ambientais e meteorológicos são atualizados sistematicamente, oferecendo indicadores do que chama de saúde do oceano.
Entre os produtos disponíveis na Internet, está a concentração de clorofila na superficie do mar (CSM), usada pelo fitoplâncton para realizar a fotossíntese. Como estes micro-organismos, compostos por algas unicelulares capazes de formar grandes colônias, dependem de certas condições ambientais para se desenvolverem, funcionam como um bom indicador de mudanças ambientais no ecossistema marinho.
Estes vegetais microscópicos crescem de forma abundante e coletiva nos oceanos do planeta, formando a base fundamental da cadeia trófica (alimentar) marinha. Pequenos peixes e alguns mamíferos aquáticos se alimentam destes vegetais, de onde extraem boa parte do carbono necessário ao crescimento destas espécies.
O fitoplâncton também exerce influência sobre o clima global. Os oceanos, na interação com a atmosfera, fixam milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano. Parte deste carbono é capturada pelo fitoplâncton para realizar a fotossíntese. Estima-se que o fundo dos oceanos armazene cerca de 90% do estoque de carbono do planeta, através do depósito de biomassa inerte (organismos mortos, incluindo o fitoplâncton) em uma escala de tempo geológica.
A concentração de clorofila no oceano, acompanhada através do monitoramento de satélites, pode ser empregada ainda como um indexador da biomassa de pigmentos fitoplanctônicos presentes na água do mar. A observação sistemática da concentração de clorofila pode ser do interesse de setores da economia, como a indústria pesqueira, que busca localizar cardumes em regiões onde ocorre maior disponibilidade de fitoplânctons, utilizados como alimento por diversas espécies de peixes.
No campo energético, estudos recentes vêm prospectando a possibilidade de geração de biocombustíveis a partir destes micro-organismos. Outro interesse em torno dos fitoplânctons relaciona-se ao fato de serem transportados passivamente pelas correntes oceânicas. Como ficam à deriva na superfície do mar servem como demarcadores de trajetórias das correntes marítimas, observadas através de imagens de satélite.
Além da concentração de clorofila, outros produtos também podem ser consultados no site: informações diárias e composições semanais da temperatura da superfície do mar (TSM), campo de ventos em superfície (VSM) e precipitação. É possível ainda realizar consultas específicas no site, de acordo com o interesse do usuário. Um banco de dados, desenvolvido pela Divisão de Satélites e Sistemas Ambientais (DSA), está acessível na página.
Alguns destes produtos já estavam disponíveis em outras páginas da DSA, mas ao serem reunidos neste site facilitam o acesso de usuários com interesses específicos de pesquisa, afirma Kampel. A expectativa é de que a área de abrangência do projeto seja ampliada aos poucos, englobando outras regiões da costa brasileira.
O monitoramento conta com o apoio da Petrobras, com quem o INPE possui colaboração técnica e científica, principalmente na região da Bacia de Campos (RJ). O site foi desenvolvido a partir da parceria interna do INPE, entre as divisões de Satélites e Sistemas Ambientais (DSA), que processa e armazena dados de satélites, além de desenvolver produtos meteorológicos, e de Sensoriamento Remoto (DSR), que busca aprimorar técnicas de detecção de assinaturas espectrais de alvos na superfície terrestre e do mar.
Imagem mostra concentração da clorofila ao longo da costa da região Sudeste
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